sábado, 8 de agosto de 2009

DUAS ALMAS

Ó tu, que vens de longe, ó tu que vens cansada,

entra, e, sob este teto encontrarás carinho:

eu nunca fui amado e vivo tão sozinho,

vives tão sozinha sempre, e, nunca foste amada...

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,

e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.

Entra, ao menos até que as curvas do caminho

se banhem no esplendor nascente da aurora.

E amanhã, quando a luz do sol dourar radiosa,

essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,

podes partir, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:

há de ficar comigo uma saudade tua...

hás de levar contigo uma saudade minha..

(Duas almas- Alceu Vamosi)

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